Saponinas
Apostila de Aula Prática de Farmacognosia UEL
Objetivo: Verificar a presença ou ausência de saponinas na matéria-prima vegetal.
A) Pesquisa de Saponinas – teste qualitativo de espuma
- Ferver (decocção) 2g da droga em pó com 10 mL de água destilada por 3 minutos. Agitar energicamente, no sentido vertical por 15 segundos.
- Deixar a solução em repouso, por 15 minutos, marcar com caneta a altura da espuma.
- Observar a presença de espuma persistente (por 15 minutos).
- Reação positiva = permanência da espuma.
- Reação negativa = desaparecimentos da espuma.
B) Análise do índice afrosimétrico – determinação semi-quantitatva do índice de espuma
Objetivo: Conhecer a maior diluição do extrato aquoso, referindo-se a 1 g do farmacógeno, que mantém anel de espuma persistente com pelo menos 1 cm.
- Pesar 5 g da droga vegetal, adicionar 100 mL de agua destilada e preparar um decoto acrescentando carbonato de cálcio em excesso.
- Durante os 5 minutos de fervura, controlar o pH, o pH dever estar neutro.
- Esfrie, filtre e complete o volume da solução extrativa para 200 mL.
- Colocar em 10 tubos de ensaio, volumes crescentes de solução extrativa, começando com 1 mL de finalizando com 10 mL. Complete o volume em todos os tubos, de modo que todos estejam com 10 mL.
- Agitar energicamente cada um dos tubo por 15 segundos, observando o tempo de finalização de cada tubo.
- Após 15 minutos verificar qual foi o tubo (o mais diluído) que manteve espuma persistente com anel de pelo menos 1 cm de altura.
- Calcule o índice afrosimétrico.
Preparar uma série de tubos: conforme tabela abaixo. Atenção: todos os tubos devem ter o mesmo diâmetro e a mesma altura. Todos os volumes citados na tabela são em mL. Realizar duas marcações nos tubos, sendo a primeira correspondente ao volume de 10 mL e a segunda marcação igual a 1 cm acima desse nível
Agitar cada tubo, no sentido vertical, vedando com uma rolha ou mesmo com o dedo polegar durante 15 segundos.
Deixar em repouso por 15 minutos.
Verificar em seguida em qual tubo se formou um anel de espuma persistente, de aproximadamente 1 cm de altura e que não desapareça pela adição de 1 mL de HCl 2N.
Nenhuma espuma nos tubos → repetir o teste com soluções extrativas mais concentradas.
C) Cálculos
- Verificar qual tubo que foi o ideal, se tiver mais de um, pegar o tubo menor.
- Verificar quantos mL seriam necessários para diluir 1 g da planta para dar 1 cm de espuma. Se x g da droga necessitou ser diluído em 10 mL de água destilada para produzir 1 cm de espuma, 1 g do fármaco necessitará ser diluída em y mL de água destilada para produzir a mesma espuma.
Drogas vegetais
Baccharis trimera (folhas): Carqueja
Panax ginseng (raiz): Ginseng
Ilex paraguariensis (folhas e ramos): Erva mate
Smilax medica (raízes): Salsaparrilha
Anacardium occidentale (cascas): Salsaparrilha-dos-pobres, Cajueiro
Calendula officinalis (flores): Calendula
Centella asiatica (raízes): Centela
Quillaja saponaria (cascas): Quilaia
Disciplina de Farmacognosia I, UFPR
Os glicosídeos saponosídicos têm este nome devido ao fato de formarem espuma abundante quando agitados com água (do latim sapo = sabão). Têm gosto amargo e acre e os medicamentos que os contêm geralmente são esternutatórios (provocam espirros) e irritantes para as mucosas.
São compostos não nitrogenados que se dissolvem em água originando soluções afrógenas (espumantes), por diminuição da tensão superficial do líquido. Apresentam ainda as propriedades de emulsionar óleos e de produzir hemólise. Esta última deve-se à capacidade do glicosídeo de se combinar com as moléculas de colesterol presentes na membrana dos eritrócitos, perturbando o equilíbrio interno-externo e promovendo a ruptura da célula com consequente liberação da hemoglobina.
Quimicamente, constituem um grupo heterogêneo, sendo classificados em glicosídeos saponosídicos do tipo esteroide (p.ex., hecogenina) e do tipo triterpênico (p.ex., ácido glicirretínico).
A caracterização das saponinas em uma amostra vegetal pode ser feita de maneira simples, com base na consequência da ação tensoativa de seus glicosídeos: investiga-se o poder espumante ou hemolítico de um macerado ou decocção aquosa da droga.
Os fármacos que apresentam esses princípios ativos são: quilaia (parte interna das cascas de caule de Quillaja saponaria Molina, Quillajaceae); alcaçuz (rizomas e raízes de Glycyrrhiza glabra L., Fabaceae); ginseng (raízes de Panax quinquefolius L. e P. ginseng C. A. Mey., Araliaceae); castanheiro-da-índia (cascas de caules de Aesculus hippocastanum L., Sapindaceae); dioscórea (tubérculos de Dioscorea sp., Dioscoreaceae); polígala (raízes de Polygala senega L., Polygalaceae); salsaparrilha e ginseng nacional.
Caracterização microscópica de drogas saponosídicas
- Ginseng nacional: raízes de Pfaffia paniculata (Mart.) Kuntze, Amaranthaceae
- Salsaparrilha: raízes de Smilax sp., Smilacaceae
Aula Prática
Pesquisa de Saponinas
1. Por agitação:
- Colocar 1 g da droga em pó ou fragmentada em tubo de ensaio;
- Adicionar 10 ml de água destilada;
- Ferver por 2 min;
- Resfriar e agitar energicamente por 15 s.
2. Por hemólise:
- Pesar 6 g de gelatina;
- Dissolver em 100 ml de solução fisiológica a 60 °C;
- Adicionar 0,6 g de Na2SO4 para tamponar (pH 7,4)
- Retirar 5 ml de solução de gelatina aquecida a 30-40 °C
- Adicionar 0,2 ml de sangue bovino com anticoagulante, homogeneizado em vidro de relógio;
- Depositar um fragmento da droga e levar à geladeira para solidificar.
3. Índice afrosimétrico ou de espuma
O índice de espuma é a determinação da maior diluição em que 1 g de droga é capaz de formar 1 cm de espuma em determinadas condições. Através deste índice pode-se estimar a quantidade de saponinas que se tem na droga.
Preparo da solução do fármaco: solução de polígala a 0,1%
- Colocar 0,1 g1 da droga em béquer;
- Adicionar 100 ml de água destilada;
- Ferver por 5 min;
- Filtrar por algodão,se necessário, adicionar ao filtrado Na2CO3 até o decocto ficar neutro;
- Completar o volume para 100 ml com água destilada.
Padronização dos tubos de ensaio
- Montar bateria com 10 tubos de ensaio iguais, medindo 16 mm de diâmetro por cerca de 18 cm de altura;
- Marcar os tubos com duas graduações: a primeira correspondendo a 10 ml e a segunda a 1 cm linear acima.
- Proceder as diluições da tabela abaixo;
- Agitar energicamente cada tubo por 15 s.
- Deixar em repouso por 15 min;
- Observar qual tubo apresenta espuma de 1 cm de altura
Cálculos
- Se x g de droga necessita ser diluída em 10 ml de água destilada para produzir 1 cm de espuma, 1 g de droga necessitará ser diluída em y ml de água destilada para produzir a mesma espuma.
Exemplo: tubo IV, com 4 ml da solução da droga a 0,1% formou 1 cm de espuma:
0,1 g droga - 100 ml
x - 4 ml
x = 0,004 g droga → quantidade de droga contida no tubo
0,004 g droga - 10 ml (volume final)
1 g - y
y = 2500 ml
Índice Afrosimétrico (espuma) I.A.2 = 2500
10,1 g para quilaia e polígala, 0,2 g para salsaparrilha e 0,5 g para ginseng nacional.
2o índice afrosimétrico é um número inteiro, sem unidade.