Taninos
Apostila de Aula Prática de Farmacognosia UEL
Objetivo: Verificar a presença ou ausência de taninos na matéria-prima vegetal.
A) Extração
- Preparar um decocto (15 minutos) com 5 g da droga vegetal pulverizada com 100 ml de água destilada.
- Filtrar e deixar esfriar (solução extrativa A)
- Realizar os testes gerais de identificação, juntamente com uma amostra padrão positivo.
- Distribuir o filtrado em 4 tubos de ensaio identificados, sendo que o tubo n° 4 será o branco.
Executar as reações de identificação. Duas técnicas dando reação positiva confirmam a presença de taninos.
B) Testes de identificação
Tubo 1 – Gelatina
2 ml da extração A + 2 gotas de HCl diluído + solução de gelatina a 2,5% gota a gota.
Se ocorrer formação de precipitado: reação positiva para taninos.
Tubo 2 – Cloreto férrico
2 ml da extração A + 10 ml de água destilada + 2-4 gotas da solução de FeCl3 a 1% em metanol.
Cor Azul: taninos hidrolisáveis ou gálico
Cor Verde: taninos condensados ou catéquico
Tubo 3 – Acetato de chumbo
5ml da extração A + 10 ml da solução de ácido acético a 10 % + 5 ml da solução de acetato de chumbo a 10%.
Formação de um precipitado esbranquiçado: presença de taninos hidrolisáveis.
Tubo 4 – Branco
Contém apenas 5 ml do extrato filtrado.
C) Reação de Stiasny - Separação dos taninos hidrolisáveis condensados
- Submeter a refluxo por 30 minutos, 50 ml da solução A = 15 ml do reativo de Stiasny.
- Os taninos condensados originam um precipitado vermelho (flobafenos).
- Os taninos hidrolisáveis permanecem em solução e podem ser assim detectados: 10 ml do filtrado + 5 g de acetato de sódio + 2-4 gotas da solução de FeCl3 a 1% em metanol.
Obs.: Reativo de Stiasny (reparar no momento de uso): 5 ml de HCl conc. + 10 ml de formol sob refluxo por 20 minutos.
Drogas vegetais
Stryphnodendron adstringens (cascas): barbatimão
Psidiun guajava (folhas): goiabeira

Disciplina de Farmacognosia I, UFPR
Taninos são substâncias complexas presentes em inúmeros vegetais, os quais têm a propriedade de se combinar e precipitar proteínas de pele de animal, evitando sua putrefação e, consequentemente, transformando-a em couro. São substâncias detectadas qualitativamente por testes químicos ou quantitativamente pela sua capacidade de se ligarem ao pó de pele. Essa definição exclui substâncias fenólicas simples, de baixo peso molecular, frequentemente presentes com os taninos, como os ácidos clorogênico, gálico e outros que, por também precipitarem gelatina, são conhecidos como pseudotaninos.
Os taninos são classificados em hidrolisáveis e condensados. Os primeiros são constituídos por diversas moléculas de ácidos fenólicos, como o gálico e o elágico, que estão unidos a um resíduo de glucose central. São chamados de hidrolisáveis, uma vez que suas ligações ésteres são passíveis de sofrerem hidrólise por ácidos ou enzimas. Em solução desenvolvem coloração azul com cloreto férrico, assim como o ácido gálico.

Os taninos condensados incluem todos os outros taninos verdadeiros. Suas moléculas são mais resistentes à fragmentação e estão relacionadas com os pigmentos flavonoides, tendo uma estrutura "polimérica" do flavan-3-ol, como a catequina, ou do flavan-3,4-diol, da leucocianidina. Sob tratamento com ácidos ou enzimas esses compostos tendem a se polimerizar em substâncias vermelhas insolúveis, chamadas de flobafenos. Essas substâncias são responsáveis pela coloração vermelha de diversas cascas de plantas (p. ex. quina vermelha). Em solução, desenvolvem coloração verde com cloreto férrico, assim como o catecol.

Ambas as classes de compostos são amplamente distribuídas na natureza e, em algumas espécies, os dois tipos estão presentes, embora um deles deva ser predominante.
Os taninos são adstringentes e hemostáticos e, portanto, suas aplicações terapêuticas estão relacionadas com essas propriedades. São empregados principalmente na indústria de curtume e têm também aplicação na indústria de tintas. São usados em laboratórios para detecção de proteínas e alcaloides e empregados como antídotos em casos de envenenamento por plantas alcaloídicas.
As principais plantas que contêm taninos são: nó-de-galha (formações nodosas resultantes da decomposição de ovos do inseto Adleria gallaetinctoria na gema foliar do carvalho Quercus infectoria G. Olivier, Fagaceae); ratânia (raízes de Krameria triandra Ruiz & Pav., Krameriaceae), barbatimão (cascas de caule Stryphnodendron barbatimam Mart., Fabaceae); hamamelis (folhas de Hamamelis virginiana L., Hamamelidaceae), goiabeira (folhas de Psidium guajava L. Myrtaceae) e espinheira-santa (folhas de Maytenus sp., Celastraceae).
Caracterização microscópica de drogas tânicas
- Hamamélis: folhas de Hamamelis virginiana L., Hamamelidaceae

- Goiabeira: folhas de Psidium guajava L., Myrtaceae

- Espinheira-santa: folhas de Maytenus sp., Celastraceae

Pesquisa de taninos em drogas tânicas
1. Extração
- Colocar 1 g do fármaco em tubo de ensaio;
- Adicionar 10 ml de água destilada;
- Ferver por 2 min;
- Filtrar por algodão para um cálice;
- Completar o volume do filtrado para 25 ml com água destilada
- Distribuir 20 ml do filtrado em cinco tubos de ensaio e executar as reações de
identificação:
2. Reações de identificação
- Reação com gelatina:adicionar três gotas de solução gelatina 2%
- Reação com alcaloides: adicionar três gotas de cloridrato de quinina 1%
- Reação com metais pesados:
- adicionar três gotas de solução Cu(AcO)2 a 4%
- adicionar três gotas de solução Pb(AcO)2 a 10%
- Identificação de taninos condensados e/ou hidrolisáveis:
- Adicionar uma gota de solução de FeCl3 a 2% e observar a coloração1
- Adicionar mais duas a três gotas do mesmo reativo e observar.
Coloração verde → taninos condensados ou catéquicos